Muito escrevi, senti e amei, e dessa reclusão nasceram muitas filhas, que na verdade não me pertenciam, e sim as suas mães, meus amores, minhas dores, minhas ilusões... Falei de tudo, vivi, sonhei, desejei, protegi... Sozinho fiquei, minha obra me deixou, eu abandonei minha obra, ambos pedimos a separação, eu cai na luxuria e elas no esquecimento, perdidas, quem sabe pela net, pelo espaço e lembranças...
Foi bom enquanto durou, enquanto tive
sonhos e desejos... ai tudo morreu... até que um dia uma menina,
meio assim sem querer, me provocou, me despertou, me desafiou... eta
quanto “me”... Pois bem aceitei o desafio, amei as Anas e Marias,
e voltei a escrever, confesso que fiquei meio assim que perdido, mas
como por encanto, as palavras me possuíram, tomaram minha alma outra
vez, bailaram em minha mente, me levaram de volta ao encanto da lua,
a magia das estrelas... Lá estava eu novamente, escrevendo.
A poesia é uma masturbação mental,
sim isso mesmo, você por alguns instantes, namora, ama, goza, tudo
de forma platônica, e quando termina procura um cigarro, exceto eu
que vou comer, o pós sexo me dá fome... E agora me sinto confiscado
pelas palavras novamente, confesso que tenho medo de onde isso possa
me levar, pois minhas amigas, filhas e confidentes são traiçoeiras,
nunca sei onde posso parar quando a elas entrego-me.
É gostoso escrever, sofrer e amar,
para quem lê, é lindo, mas você já pensou quanto sofremos para
sentir a poesia, que vem dos olhos de uma mulher abandonada? Já
imaginaram como é duro sentir a dor de alguém para poder dar vida
as palavras?
E assim vivem os poetas sem poesia,
por que a mesma não nos pertence, na verdade as furtamos, e as vezes
pagamos um preço muito alto, por tentar materializar com palavras a
emoção de alguém. É lindo, mas...
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